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Dar o peixe, ensinar a pescar ou remover os muros?

Sociologia da infância | FatmaSocial

O social no bebé decorre de uma situação social de desenvolvimento singular e nunca mais se repete.

 Essa singularidade é definida por dois momentos:
·         o bebé não tem condições de satisfazer sozinho nenhuma das suas necessidades vitais, que só podem ser satisfeitas com a ajuda de adultos ou pessoas que cuidam dele. Assim, o primeiro contacto da criança com a realidade é socialmente mediado.
·          ao mesmo tempo em que o bebé está numa relação de máxima dependência dos adultos, também não domina os principais meios de comunicação (de relação) social, que é a língua humana.


“…o desenvolvimento cultural da criança representa um tipo especial de desenvolvimento; em outras palavras, o processo de enraizamento dela na cultura não pode, por um lado, ser identificado com o processo de maturação orgânica e, por outro, não pode ser reduzido à simples assimilação mecânica de habilidades externas.” (VIGOTSKI, 1983, p. 303).

 Prestes, Zoia.Consulte o artigo na íntegra

Desafios da Revolução Social | FatmaSocial


As transformações e crises provocadas pela emergência e o desenvolvimento da sociedade civil, urbano-industrial, burguesa ou capitalista, constituem outra matriz da Sociologia. O modo de vida e trabalho na comunidade feudal vem abaixo com a formação da sociedade civil, a organização do estado nacional. Há uma vasta, complexa e contraditória revolução social na Europa, transbordando para outros continentes. O mercantilismo, ou a acumulação originária, iniciava um amplo processo de europeização do mundo. Simultaneamente, a Europa sentia que se transformava, em sua fisionomia social, econômica, política e cultural. Estava em marcha a revolução burguesa, atravessando países e continentes, sempre acompanhada de surtos de contra-revolução.

No meio da revolução e contra-revolução, combinando e opondo diferentes setores sociais, grupos e classes, províncias e regiões, interesses emergentes e estabelecidos, emergiam burgueses, trabalhadores assalariados diversos, camponeses, setores médios urbanos, intelectuais, burocracia pública e privada. À medida que se desenvolve e consolida a ordem social burguesa, impondo-se ao antigo regime, multiplicam-se as lutas sociais urbanas e rurais. Depois da revolução burguesa ocorrida na Inglaterra no século XVII e da Revolução Francesa iniciada em 1789, o século XIX assiste às revoltas populares no campo e nos centros urbano-industriais. O Cartismo na Inglaterra, desde 1835, e a Revolução de 1848-49, na França e em outros países europeus, assinalam a emergência do operariado como figura histórica. Em outros termos, e sob diferentes condições, algu mas linhas dessa história manifestam-se na Alemanha, Itália, países que compõem o Império Austro-Húngaro, Rússia, Espanha e outros. O século XIX nasce também sob o signo dos movimentos de protesto, greve, revolta e revolução. Aí estão alguns traços da sociedade burguesa, com tintas de modernidade.

É evidente que o tema da revolução social está no horizonte de alguns dos principais fundadores e continuadores da Sociologia. Estão preocupados em compreender, explicar ou exorcizar as revoluções que ocorrem na Europa e em países de outros continentes. E verdade que algumas revoluções preocuparam mais diretamente os fundadores. Dentre essas destacam-se as francesas e européias de 1789, 1848-49 e 1871. Mas logo eles e outros passaram a interessar-se pelas revoluções que haviam ocorrido e iam ocorrendo nas Américas e na Ásia. Alguns livros fundamentais denotam essa preocupação: Tocqueville, O Antigo Regime e a Revolução; Marx, As Lutas de Classes na França; Engels, Revolução e Contra-Revolução na Alemanha; Lenin, Estado e Revolução; Hannah Arendt, Sobre a Revolução; Barrington Moore Jr., As Origens Sociais da Ditadura e Democracia; Karl Polanyi, A Grande Transformação; Joseph A. Schumpeter, Capitalismo, Socialismo e Democracia; Theda Skoopol, Estados e Revoluções Sociais.

Naturalmente estão em causa várias formas da revolução social. Em um primeiro momento, o que sobressai é o empenho em explicar a revolução burguesa, que pode ser democrática, autoritária, prussiana, passiva. Em outro, a ênfase recai na revolução popular, operária, camponesa, operário-camponesa ou socialista. Mas também há interesse em analisar o contraponto revolução e contra-revolução. Em vários casos, de permeio a essas preocupações, coloca-se o desafio da revolução permanente. Isto é, as condições das continuidades e descontinuidades entre a revolução burguesa e socialista, em escala nacional e internacional.

A rigor, a análise da revolução social é um modo de conhecer a sociedade, as forças sociais que governam os movimentos da sociedade nacional tomada como um todo. Essa manifestação “extrema” da vida social parece revelar mais abertamente as relações, os processos e as estruturas, compreendendo dominação política e apropriação econômica, que organizam e movimentam a sociedade moderna. Como um todo, em seus grupos e classes, movimentos sociais e partidos políticos, as relações entre a sociedade civil e o estado revelam-se mais nítidas nas rupturas revolucionárias. A revolução social pode ser vista como uma situação extrema, um experimento crucial, um evento heurístico, quando se revelam mais desenvolvidas as diversidades e disparidades, os desencontros e antagonismos, que governam os movimentos fundamentais da sociedade.

Estava em curso o desenvolvimento da sociedade nacional, urbano-industrial, burguesa, de classes. Com a dissolução, lenta ou rápida, da comunidade feudal, emergia a sociedade civil. Essa ampla transformação concretiza-se em processos sociais de âmbito estrutural, tais como: “ — industrialização, urbanização, divisão do trabalho social, secularização da cultura e do comportamento, individuação, pauperismo, lumpenização e outros. Esse é o palco dotrabalhador livre, formado com a sociedade moderna.

Esse é o vasto cenário histórico que se constitui na matéria prima da Sociologia. Ela surge como uma forma de autoconsciência científica da realidade social. Essa é a realidade que alimenta boa parte dos escritos de Saint-Simon, Bonald, Maistre, Tocqueville, Comte, Burke, Spencer, Feuerbach, Marx e outros. É claro que esses pensadores alimentamse dos ensinamentos filosóficos de Hobbes, Locke, Montesquieu, Vico, Herder, Rousseau, Kant e Hegel, além dos enciclopedistas e outros. Mas é inegável que todos estão tratando de compreender, explicar e responder às transformações e crises manifestas em processos sociais estruturais, em movimentos de protesto, greve, revolta e revolução.

A Sociologia posterior dá continuidade a esse empenho de compreender, explicar, responder às transformações e crises sociais. Os escritos de Durkheim, Mauss, Halbwachs, Weber, Simmel, Toennies, Goldmann, Znaniecki, Mannheim, Gurvitch, Sorokin, Myrdal, Park, C.W. Mills, Merton, Parsons, Lazarsfeld, Bourdieu, Nisbet, Gouldner, Barrington Moore Jr., Schutz, Adorno e outros dão continuidade a esse empenho. É claro que são diversas e desiguais as contribuições de uns e outros, tanto do ponto de vista teórico como no que se refere as suas implicações políticas. No plano teórico, além das sugestões relativas ao hiper-empirismo e à fenomenologia, como nos casos de Gurvitch e Schutz, outros revelam-se ecléticos e alguns ortodoxos. No plano político também revelam todo um leque de posicionamentos, dentre os quais destacam-se liberais, conservadores e radicais. Mas talvez se possa dizer que todos buscam compreender, explicar, controlar, dinamizar ou exorcizar as condições das transformações e crises.

Em outros termos, em outros países e continentes, a Sociologia continua a desenvolver-se desafiada pelos dilemas da sociedade moderna mais ou menos desenvolvida. Na América Latina, África e Ásia tanto ressoam as idéias e teorias como os temas e explicações. Há contribuições que parecem anacrônicas, exóticas ou ecléticas, pelo que ressoam das sociologias européias e norte-americanas. Mas também há criações originais, inovações. Colocam-se novos temas e outras explicações. Surpreendem e desafiam, pela originalidade, força e invenção.

A rigor, esses continentes e países são, em certa medida, criações do Mundo Moderno, desdobramentos das forças sociais que movimentam a sociedade moderna. Desenvolvem-se e transformam-se com os desenvolvimentos e as transformações que ocorrem na Europa e nos Estados Unidos. O colonialismo, imperialismo, nacionalismo, cosmopolitismo e internacionalismo podem ser vistos como produtos e condições de um amplo processo de europeização do mundo. Em distintas formas e ocasiões, os países e continentes atrelam-se desigual e contraditoriamente ao que parece ser a força civilizatória do capital.

Revolucionam-se os modos de vida e as culturas nativos nas mais longínquas regiões. Os bárbaros são obrigados a civilizar-se, assumindo a barbárie do capital. Os povos fetichistas, panteistas, sem história, que vivam mergulhados no estado de natureza, são obrigados a assimilar o monoteismo bíblico, a diligência do trabalho que produz mercadoria e lucro, a disciplina exigida pela criação da mais-valia, a religião do capital. Está em marcha a revolução burguesa em escala mundial. Ao mesmo tempo, por dentro e por fora dessa revolução, desenvolvem-se revoluções nativistas, nacionalistas, sociais, populares, socialistas. Uma espécie de revolta desesperada contra a missão civilizatória do capital.

Esse é o amplo cenário no qual o pensamento sociológico originário da Europa e dos Estados Unidos tanto se difunde como entra em relação e confronto com outras idéias, teorias, temas, explicações. As obras de Frantz Fanon, José Carlos Mariátegui e Florestan Fernandes, para citar apenas esses exemplos, expressam e simbolizam uma parte importante dessa história. Mostram em que e como se modernizam os países e continentes que estão além da Europa e Estados Unidos. Ressoam contribuições européias recriadas em face de outros temas, dilemas. Mostram como se dá a revolução burguesa em outras partes do mundo. E como nascem as condições do socialismo, no contraponto com a barbárie. No começo e na travessia, a revolução social parece sempre presente no horizonte da Sociologia.

lanni, Octavio  in "A SOCIOLOGIA E O MUNDO MODERNO". Consulte aqui na íntegra.



Interaccionismo simbólico | FatmaSocial

Teses centrais:

Mente (mind) e Ego (self) são produções da vida em grupo, construídos a partir de uma base biológica e fisiológica. Os humanos actuam em relação às pessoas e coisas com base nos significados que essas coisas ou pessoas assumem para eles. Os significados procedem do processo de interacção social, do modo como o indivíduo interpreta esse processo e, por sua vez, afectam novos processos de interacção.

Mente: Natureza social - Desponta e desenvolve-se a partir da interacção social. O progresso ocorre primeiro por meio de gestos que, na interacção, alcança função simbólica e, posteriormente pela comunicação simbólica mediada pela linguagem. A linguagem gestual/corporal e linguagem verbal conciliam-se nos processos de interacção. É no próprio processo que obtêm significado e, os significados codificados e as atitudes resultantes vão formar os conteúdos mentais (mente) que serão movimentados e possibilitarão a comunicação em interacções futuras.

A mente tem uma natureza social: “Temos que olhar a mente, portanto, como surgindo e desenvolvendo-se no âmbito do processo social, no âmbito da matriz empírica das interacções sociais. […] Os processos de experiência que o cérebro humano consente só são tornados possíveis para um grupo de indivíduos em interacção: só para organismos individuais que são membros de uma sociedade; não para o organismo individual isolado de outros organismos. A mente surge no processo social apenas quando esse processo como um todo entra, ou está presente, na experiência de qualquer um de dados indivíduos envolvidos nesse processo. Quando isto ocorre, o indivíduo torna-se autoconsciente e tem uma mente; ele apercebe-se das suas relações com esse processo como um todo, e com os outros indivíduos que nele participam consigo; e apercebe-se desse processo como modificado pelas reacções e interacções de indivíduos – incluindo ele próprio – que o está a realizar. “(MEAD,.1934 citado por BARATA, 1974)

Erving Gofffman, tentou mostrar que os episódios triviais da vida quotidiana, não consistiam apenas numa especialidade marginal reservado a curiosos e amadores, mas sim numa importância central da pesquisa sociológica. Goffman estudou a interacção social no dia-a-dia, especialmente em lugares públicos, representando esse estudo principalmente no seu livro “A Representação do Eu na Vida Quotidiana”. No seu livro intitulado “Estigma, Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada”, versou apresentações interessantes a respeito das marcas vistas negativamente em relação aos aspectos corporais, raciais, ou mesmo de paixões tirânicas.

Para Goffman, o exercício dos papéis sociais relaciona-se com o modo como cada indivíduo cria a sua imagem e a pretende manter. Goffman analisou também com peculiar atenção o que chamava de "instituições totais", locais onde o indivíduo era isolado da sociedade, tendo todas as suas acções concentradas e normalizadas (prisões, manicómios, conventos e algumas escolas internas).

No espaço da linguagem Erving Goffman coopera com o estudo da interacção humana, apresentando o conceito de "footing", que representa o "alinhamento, postura, posição, projecção do ”eu”, de um participante na sua relação com o outro, consigo próprio e com o discurso em construção."

Efectuou pesquisas na linha da sociologia interpretativa e cultural, iniciada por Max Weber. Em La mise en scène de la vie quotidienne, Goffman desenvolve a ideia que mais identifica a sua obra: o mundo é um teatro e cada um de nós, individualmente ou em grupo, teatraliza ou é actor consoante as circunstâncias em que nos encontremos, marcados por rituais posições distintivas relativamente a outros indivíduos ou grupos.

Goffman dedicou ao estudo da civilização moderna métodos idênticos de observação da antropologia cultural: assim como, nas sociedades indígenas, há ritualizações que possibilitam distinguir indivíduos e grupos, também, nas sociedades contemporâneas, a origem regional, a pertença a uma classe social ou quaisquer outras categorias se assinalam por ritualizações que diferenciam indivíduos e grupos, tomando por exemplo pequenas apresentações, como as formas de vestir ou de se apresentar publicamente.

Neste contexto, Goffman julga a interacção como um processo fundamental de identificação e de diferenciação dos indivíduos e grupos; de resto, os mesmos, isoladamente, não existem; só existem e procuram uma posição de diferença pela afirmação, na medida em que, precisamente, são "valorizados" por outros.

Nesta análise está presente a relação entre o conceito de "performance" e "fachada"; Goffman concilia todos os elementos do actuar : um actor actua numa posição onde há o palco e os bastidores; existe relação entre a peça e a sua actuação; ele é visto por um público, mas ao mesmo tempo, ele é o público da peça encenada pelos espectadores.

Segundo Goffman, o actor social tem a capacidade de escolher seu palco e a sua peça, assim como o modelo que e usará para cada público. O objectivo principal do actor é manter sua coerência e ajustar-se de acordo com a situação. Isso é feito, principalmente, com a interacção dos outros atores. 

Para Goffman, nas interacções, ou performances, as partes envolvidas podem ser público e actores conjuntamente; os actores normalmente actuam de forma que se antepõe a si mesmos e estimulam os outros, por diferentes meios a aceitar tal definição.

Goffman salienta que quando a acepção aceite da situação é desacreditada, alguns (ou todos) os actores podem fingir que nada mudou, caso acreditem que isso é lucrativo ou manterá a paz; Goffman afirma que esse género de atitude ocorre em todos os níveis de organização social, dos mais pobres às elites.

Neste prisma, Goffman destapou espaço teórico para o aprimoramento de métodos de pesquisa em geografia, enfocando, sobretudo a interacção social como forma de construção de significados, partindo da observação de pessoas ou grupos de pessoas por meio de suas representações. 

Para se compreender o comportamento humano é necessário entender a natureza do indivíduo e dos grupos sociais dos quais faz parte. Que papéis os indivíduos executam, quando e em que conjunturas se formaram e quais as condições em que se formaram, entre outras questões.

Ervin Goffman apresenta uma abordagem do estudo do quotidiano sob uma óptica da dramaturgia. Para a geografia social a metodologia adoptada pelo autor é uma grande tributo no sentido de investigar as representações sociais na estruturação do quotidiano de um bairro a partir da sua situação social. 

Bibliografia:

BARATA, O.S. (1974), Introdução às ciências sociais, Vol.1, Lisboa, Bertrand, pp.189-195

Dicionário de Sociologia, (2004). 1ª ed. Porto, Portugal: Porto Editora GOFFMAN, 1998 In: RIBEIRO, Branca Telles & GARCEZ, PEDRO M.




Os direitos do homem na sociedade actual

"A grande parcela da sociedade que vivência a desigualdade social, predominante no país, reflete a desconsideração em relação ao direito.

O desrespeito aos direitos humanos estão visíveis tanto na realidade brasileira quanto internacional, apesar de todo o avanço da humanidade nessa área. A desigualdade marca o cotidiano desmascarando o direito violado. Sua visibilidade, porém, parece não provocar estranheza ou indignação na população como um todo, pois os que se mobilizam são apenas alguns setores da sociedade.

Estão a exigir justiça: que se cumpra a lei, que se faça justiça social, enfim, que se cumpram os direitos do homem. Citando Comte-Sponville, “muito bem - mas que justiça? E como fazê-la, sem saber o que ela é ou deve ser?” (Comte-Sponville, 1995, p. 69). Que direitos?

Este autor aborda a justiça como uma virtude (ou valor moral) a ser alcançada pelo homem, atribuindo-lhe dois sentidos. Em um, a justiça é o direito (legalidade); em outro, é a igualdade entre os indivíduos, em conformidade com regras escritas ou não (Comte-Sponville, 1995, p. 71-2).

Reclama-se a justiça tanto diante do descumprimento da lei quanto diante das desigualdades sociais. A lei, uma vez estabelecida, é considerada justiça sem, contudo, necessariamente ser justa. Aí, não estaria sendo considerado o valor da lei, a sua legitimidade. Uma lei não pode ser justa se ela desprezar a igualdade; “quando a igualdade e a legalidade se opõem, onde está a justiça?” (Comte-Sponville, 1995, p. 72). A lei não é, então, o mesmo que justiça, podendo-se até não cumpri-la se pretende-se ser justo. “Respeitar as leis, sim (...) mas não à custa da justiça” (Comte-Sponville, 1995, p. 74)"


Silvia Maria Solci. OS DIREITOS DO HOMEM NA SOCIEDADE ATUAL. 

Na íntegra: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v2n1_direitos.htm

O Estado Social Português | FatmaSocial

Hoje uma senhora de 51 anos, a dormir nas ruas há um mês pediu me ajuda...Foi tentar pedir o RSI para pagar um quarto, mas negaram, simplesmente porque não tem uma "morada" (inacreditável)...Vamos a ver o que consigo fazer pela senhora...Que Deus me ajude...Porque se depender de certos órgãos públicos, isto nunca mais se resolve.

Os sem abrigo

Olhamos para eles e sentimo-nos incomodados.
Incomodados e impotentes.
Podemos aliviar a consciência com uma moeda.
Ou com comida.
Ficamos aliviados mas não curados.
Há qualquer coisa que continua a roer por dentro.

A culpa não é nossa.
Individualmente.
Se calhar nem deles.
Individualmente.

É bom que nos sintamos incomodados.
Será ainda melhor que façamos alguma coisa.
Alguma coisa significativa.
Alguma coisa que os alivie.
E tambem alguma coisa que evite o aparecimento de outros como eles
(eventualmente nós próprios).


Texto retirado do site Sem abrigo

O "inferno" das ciências sociais

Em Portugal as ciências operativas e produtivistas é que geram "crescimento económico e desenvolvimento integrado e sustentável". As políticas do país dispensam as ciências sociais, por serem " um luxo desnecessário para um país em crise".

Agora até existe o modelo neoliberal "concepção mercantilista da ciência", que procura ligar as universidades e a investigação às necessidades do mercado. 

In: publico.pt/ciencia