Culturas
Lemos, (2002) destacou como ponto de
partida para a compreensão do comportamento social que assinala determinada
época, a consciência de que existe sempre uma relação simbiótica entre o homem,
a natureza e a sociedade, sendo que em cada período da história da humanidade
prevalece uma cultura técnica particular.
Assim, a cultura
contemporânea é percebida pelo uso crescente de tecnologias digitais, gerando-se
uma relação entre a técnica e a vida social e proporcionam-se novas formas de
agregação social de maneira espontânea no ambiente virtual, com práticas
culturais específicas que constituem a chamada cibercultura.
Os relacionamentos
sociais originados em rede desenvolvem-se no ciberespaço, compreendido como uma
via da circulação de informação e espaço de comunicação, espaço virtual, que
não existe em oposição ao real. (Silva, 2011). Para Lemos (2002), o ciberespaço pode ser tanto o lugar onde estamos
quando entramos numa ambiência simulada, de realidade virtual, como a rede de
computadores, interligada ou não, em todo o planeta. O ciberespaço é o ambiente
simbólico onde as comunidades virtuais se constituem.
Contudo, mesmo com a sociedade
conectada mundialmente, com o contacto ou interacção social a acontecer em
intervalo de segundos, o homem sente cada vez mais necessidade de procurar e
integrar-se em novos grupos sociais, envolver-se com pessoas que partilhem algo
em comum, com as quais tenha certa afinidade. Existe procura de características
que lhe forneçam uma identidade, uma forma de se fazer reconhecer perante os
outros. (Silva, 2011)
Culturas
nacionais
Hall (1988) argumenta que as culturas
nacionais no mundo moderno são compostas essencialmente de identidade cultural.
Estas culturas formam-se não só de instituições culturais, mas são também
símbolos e representações. As identidades culturais nacionais não são
adquiridas à nascença, constituem-se e transformam-se no interior da
representação; um discurso que constrói sentidos, organiza e influencia as
nossas acções e a concepção que temos de nós mesmos.
“O discurso da cultura
nacional não é, assim, tão moderno como aparenta ser. Constrói identidades que
são colocadas, de modo ambíguo, entre o passado e o futuro. Equilibra-se entre
a tentação de retornar a glórias passadas e o impulso de avançar ainda mais em
direção à modernidade.” (Hall, 1988, p. 56)
As culturas nacionais
estão viradas para o passado, constituindo um elemento regressivo da história
da cultura. Esta cultura procura unificar a identidade dos seus membros, para
representar todos como a mesma família.
“Uma forma de unificá-las
tem sido a de representá-las como expressão da cultura subjacente de um único
povo. A etnia é o termo utilizado para nos referirmos às características
culturais – língua, religião, costume, tradições, sentimento de lugar-
partilhados por um povo.” (Hall, 1988, p. 62)
O efeito geral do
processo de globalização para alguns, tem sido o enfraquecimento das formas
nacionais de identidade cultural; a questão centra-se no global e no local na
transformação das identidades, pois estas representam um vínculo.
“Parece
então, que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as
identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional. Tem um efeito
pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e
novas posições de identificação, tornando as identidades mais posicionais, mais
políticas, plurais e diversas; menos fixas e unificadas.” (Hall, 1988, p. 87)
Culturas
de pertença
Merton (1957) alterou a designação de
“grupos de referência”, para “grupos de pertença” (p.203). Estas culturas de pertença em rede são produto da
transformação radical do sistema dos média, substituindo interacções face a
face, seja com a família, amigos ou escola.
Para Cardoso e Jacobetty (2012), estas culturas integram
quatro dimensões diferentes de práticas, ajustaram os nossos valores e crenças
e criaram uma cultura estabelecida no individualismo em rede, já não centrada no
interesse próprio:
·
“culturas da nuvem” sob a concepção actual da propriedade;
·
“culturas de abertura” advindas da
forma como contamos que os bens e serviços sejam produzidos;
·
“culturas pirata” relativamente à forma como esperamos que os bens e
serviços sejam distribuídos;
·
“culturas sociais em rede” relacionadas com a forma como construímos a
identidade, combinando o ambiente mediado e a experiência não mediada em redes
de relações.
Ainda em Cardoso e Jacobetty (2012), encontramos a explicação de que na vida
quotidiana, o sentimento de pertença se ajusta, a diferentes níveis, os
processos de (re)construção, sociais e psicológicos, do self e da identidade.
As redes podem potenciar, através da mediação[1],
as relações sociais e, consequentemente alimentar o sentimento de pertença de
uma comunidade; este sentimento de pertença pode encontrar-se através do
envolvimento comunitário ou como preenchimento de necessidades pessoais de
auto-estima.
By Fatma
By Fatma
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
Sem comentários :
Enviar um comentário