Interacção Social
Georg Herbert Mead, juntamente com William James, Pierce e Dewey, fez parte de uma corrente teórica da filosofia americana designada pragmatismo. Hebert Blumer, em 1937 classificou o pensamento de Mead, juntamente com o de vários filósofos e sociólogos, como respeitante a uma linha de pensamento mais geral designado interaccionismo simbólico.
As suas teorias investigaram especialmente a Relação entre indivíduo e sociedade, abrangendo na vertente sociológica, a Psicologia Social. O livro e curso que Mead apresentou entre 1900 – 1901 até 1931 denominou-se Mente, Self (Persona), Sociedade; quando morreu, Herbert Blumer adoptou-o dando-lhe o nome de Interaccionismo simbólico.
Para Mead o Self deve ser compreendido tanto filogeneticamente resultado da evolução das espécies como ontogeneticamente em termos do desenvolvimento de cada membro individual. A individualização é o resultado da socialização não sua antítese, observe-se historicidade do indivíduo como autoconsciência, ou seja, a anterioridade histórica da sociedade sobre a pessoa individual.
Apreensivo com a construção da identidade social, Mead tenta compreender como se forma esta individuação. Para ele só poderá existir o senso do Eu se existir um senso correspondente a um Nós. Ou seja, são as relações sociais e o papel que desempenhamos na sociedade que irá constituir a pessoa. Mead concebe também o conceito de "outros significativos" (aqueles presentes na infância do indivíduo), sendo as suas atitudes caminho para a formação social da criança que com eles convive.
Contíguo a isso, cria o conceito de "outro generalizado”. Obtido certo desenvolvimento social do indivíduo, este é capaz de perceber que as atitudes dos "outros significativos" são, na verdade, atitudes gerais encontrados na sociedade.
Para Mead o Eu nasce na conduta, quando o indivíduo se torna um objecto social pela sua própria experiência. A criança age para consigo como age para com os outros. Para o indivíduo, o Eu é uma terceira pessoa e a sua manifestação na conduta para com outros é um papel a ser representado. Age-se conforme se espera dessa acção ou melhor como se imagina que é a expectativa da nossa acção.
A formação da mente ocorre quando o indivíduo alcança tomar a si mesmo como objecto de reflexão. Este processo, que ele denomina comunicação triádica, dá-se pela interacção reflexiva entre três instâncias simultaneamente subjectivas e objectivas: o "Eu", o "Mim" (que constituem o "self") e o "outro generalizado". Neste sistema, o outro generalizado corresponde à reflexividade instituída entre o indivíduo e a sociedade à qual pertence.
Mead co-participava com Wundt quanto à importância das “pesquisas sobre a linguagem no comportamento para conseguir a percepção do que é a mente. Para ele a mente era um produto da linguagem ao contrário de Wundt que considerava a linguagem como um produto da mente. Piaget resgatou esse problema pesquisando apresentações da relação entre linguagem (aprendizagem e desempenho) e inteligência.
Para Piaget, é através da função simbólica que o indivíduo alcança (aos 12 anos a capacidade de reflectir sobre hipóteses e enunciados e não mais sobre objetos postos sobre a mesa ou imediatamente representados.”
Mead dá relevância á compreensão dos processos através dos quais as pessoas constroem as suas acções. É no campo simbólico que esses sinais têm inteligibilidade. Só porque partilhamos um mesmo universo significativo podemos interpretar os sinais dos outros. A sociedade é o mecanismo que nos permite viver com o outro, representado pelas instituições (pelos costumes). As instituições são determinadas fixações de actos sociais.
Do ponto de vista metodológico a Interaccionismo simbólico defende a importância da observação naturalista (observação das interacções dos indivíduos no seu meio natural), desconsiderando as metodologias quantitativas, centralizadas na aplicação de questionários estandardizados.
Bibliografia:
BARATA, O.S. (1974), Introdução às ciências sociais, Vol.1, Lisboa, Bertrand, pp.189-195
Dicionário de Sociologia, (2004). 1ª ed. Porto, Portugal: Porto Editora GOFFMAN, 1998 In: RIBEIRO, Branca Telles & GARCEZ, PEDRO M.
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