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Os ciclos económicos | FatmaSocial

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O estudo dos ciclos económicos deve basear- se numa teoria dos ciclos que seja satisfatória. Mergulhar num maço de dados estatísticos sem "pré-julgamento" é inútil. Os ciclos ocorrem no mundo económico, portanto uma teoria útil sobre ciclos económicos deve ser integrada à teoria económica geral. E, ainda assim, tal integração, ainda que uma simples tentativa, é a excepção, e não a regra. A ciência económica, nas últimas décadas, foi perversamente fissurada e dividida em inúmeros compartimentos herméticos — cada esfera raramente se relaciona às outras. Somente nas teorias de Schumpeter e Mises a teoria dos ciclos foi integrada à economia geral.[1]

A maior parte dos especialistas em ciclos económicos, que despreza qualquer integração sistemática como sendo impossível de ser deduzida e muito simplificada, está dessa forma (consciente ou inconscientemente) a rejeitar a economia em si, pois se alguém cria uma teoria dos ciclos com pouca, ou nenhuma, relação com a teoria geral da economia, isso significa que essa teoria geral deve estar incorrecta, pois falha ao não explicar esse vital fenómeno económico.

Para os institucionalistas —colectores de dados brutos — e provavelmente para outros grupos, essa é uma conclusão bem-vinda. Entretanto, até os institucionalistas têm que usar a teoria de vez em quando, para fazer análises e recomendações; e, na verdade, o que eles acabam por usar, sempre que necessário, são um emaranhado de adivinhações e insights, tirados de maneira não metódica de várias teorias distintas. Poucos economistas perceberam que a teoria dos ciclos económicos criada por Mises não é apenas mais uma teoria: ela, na verdade, assemelha-se muito a uma teoria geral do sistema econômico.[2] A teoria de Mises é, de facto, a análise das consequências inevitáveis da intervenção no livre mercado feita pela expansão bancária de crédito. Seguidores da teoria de Mises frequentemente mostram-se muito modestos ao expressar as suas asserções; eles têm abertamente declarado que a teoria é "somente uma das muitas explicações possíveis para os ciclos económicos", e que cada ciclo pode ser explicado por 


[1] Vários neo-Keynesianos têm criado teorias dos ciclos. Entretanto, essas teorias não estão integradas à teoria econômica geral, mas, sim, aos holísticos sistemas keynesianos — sistemas esses que, na verdade, são muito parciais. 

[2] Não há, por exemplo, nenhuma alusão a tal conhecimento na conhecida discussão feita por Haberler. Ver Gottfried Haberler, Prosperity and Depression (2­­­ª ed., Genebra, Suíça: Liga das Nações, 1939).

Rothbard, Murray N. Consulte na íntegra

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